A união entre Palmeiras e Vasco é realmente sinistra!

O Podporco viajou para o Rio de Janeiro neste último final de semana para viver um dos jogos de visitante mais aguardados pela torcida do Palmeiras neste Brasileirão 2023. Após uma pandemia e dois anos de Vasco na Série B, enfim era chegado o momento das duas torcidas que são historicamente amigas, se reencontrarem. E voltamos com uma única certeza na mochila: essa união entre Palmeiras e Vasco é realmente sinistra.

Confesso que gostaria de conhecer São Januário pois já tinha conhecido o Maracanã anos antes, mas depois de ver a quantidade de palmeirenses que estavam no Rio de Janeiro neste feriado, realmente a decisão de levar o jogo para o maior templo do nosso futebol foi a mais acertada.

Há quem não goste muito da união entre duas torcidas, e até entre palmeirenses e vascaínos também temos alguns que torcem o nariz para a amizade fora das quatro linhas, mas eu que presenciei o pré-jogo ao lado do samba que os vascaínos organizam do lado de fora do estádio, posso afirmar com todas as letras: como é sensacional ter relação com uma torcida interestadual dessa forma.

É preciso entender a história

A relação entre Vasco e Palmeiras começou ainda na década de 1920, quando o Verdão ainda era Palestra Itália, mas jogava diversos amistosos contra o Vasco, tanto no RJ quanto em SP. Tais amistosos valiam taça e algumas delas podem ser encontradas no novo e belíssimo salão de troféus do Palmeiras. O fato dos dois clubes serem fundados por imigrantes também era um elo de ligação entre as duas diretorias.

Já em 1942, quando precisou trocar de nome, o Palmeiras recebeu a ajuda de um capitão do Exército que mudaria a nossa história para sempre. Ostentando a bandeira do Brasil em mãos, Adalberto Mendes contribuiu para que o Palmeiras conseguisse se livrar da perseguição pela sua relação com a Itália e já nascesse campeão, sabendo ser muito bem brasileiro.

Vascaíno de coração, após ter vindo servir em São Paulo, Adalberto se apaixonou pelo Palmeiras e dali em diante o seu coração ficou dividido entre os dois clubes para sempre.

Em entrevista recente ao Nosso Palestra, o neto de Adalberto Mendes falou sobre a relação do avô com os dois clubes.

‘Meu sentimento é verde e branco. Vasco e Palmeiras, mas meu avô dizia que o Vasco era o seu primeiro time e o Palmeiras era o segundo. O meu avô foi primeiro vice-presidente de esportes do Vasco, teve o tiro de guerra em São Januário, ele participou daquilo tudo. Depois, foi para o Náutico, teve de servir em Recife, e depois foi para o Palmeiras. Aí virou o amor da família toda.  Eu até brincava que ele tinha esquecido um pouquinho o Vasco. O time de coração era a Academia. Foi o que convivi mais. Era disso que ele falava, do orgulho que ele tinha pelo Palmeiras. Era a paixão dele, não tinha minha avó Albertina nem ninguém, o amor dele era o Palmeiras’, afirmou Adalberto Romar.

Adalberto Mendes é tão querido pelo Palmeiras que hoje leva o nome do belíssimo e reformado Centro de Excelência do Verdão.

Em 1951, ano da conquista do Mundial do Palmeiras, o Vasco também teve papel importante na conquista, uma vez que após cair na semifinal, toda torcida vascaína abraçou o Verdão para a grande decisão, fazendo depois com que todo Rio de Janeiro torcesse para o Palmeiras diante da Juventus de Turim.

 

Mancha Verde e Força Jovem

Com a chegada das torcidas organizadas no início da década de 1980, a relação entre vascaínos e palmeirenses só aumentou. Cléo Sóstenes, fundador e maior nome da história da Mancha Verde, tinha um carinho muito grande pelo Vasco e sempre lutou para que as duas torcidas fossem amigas.

Cléo se foi, mas seu legado permanece vivo até hoje e nos dias atuais se espalhou por todos cruzmaltinos e alviverdes espalhados pelo Brasil.

Nem mesmo em finais, como no Brasileiro de 1997, Mercosul e o Rio-SP de 2000 que foram disputadas pelos dois clubes, não tivemos nenhum incidente de briga entre as duas partes.

Recentemente, o Palmeiras conquistou um Campeonato Brasileiro jogando em São Januário com o Vasco correndo o risco de ser rebaixado para a Série B, e também vimos muitos vascaínos comemorando o título alviverde, principalmente porque o time de Felipão brigava naquele momento ponto a ponto com o Flamengo pela conquista da taça.

Quando foi no Podporco, Paulo Serdan falou sobre o início de relação entre a torcida do Palmeiras e do Vasco e como Cléo foi importante para o crescimento da união:

Ídolos históricos

Palmeiras e Vasco possuem uma forte relação também por contar com ídolos e jogadores importantes que fizeram história nos dois clubes. O mais famoso deles não poderia ser outro nome a não ser o de Edmundo. Craque indomável dos anos 90, Edmundo iniciou no futebol na base do Vasco e ainda muito jovem apareceu para o futebol brasileiro conquistando o Brasil com o Palmeiras da Parmalat. Anos mais tarde, o Animal voltou para o Vasco para ser campeão brasileiro em cima do Palmeiras. Em 2006, Edmundo retornou ao Palestra Itália e após defender o alviverde imponente por dois anos, retornou à Colina novamente para se aposentar do futebol. Outro nome mais recente que pode ser considerado ídolo das duas torcidas é o de Fernando Prass, que inclusive já passou pelo Podporco e foi nome importantíssimo nas conquistas da Copa do Brasil de 2011, pelo Vasco e de 2015, pelo Verdão. Na lista de grandes jogadores que fizeram história pelos dois clubes ainda estão: Mazinho, Júnior Baiano, Pedrinho, Evair, Felipe, Luizão, Diego Souza e Luan Garcia.

 

Deyvinho e a rivalidade com o Flamengo

Deyverson também é um nome que une e muito vascaínos e palmeirenses. Autor de um dos gols mais importantes da história do Palmeiras, o atacante que hoje defende o Cuiabá já afirmou publicamente a sua torcida e o seu carinho pelo Vasco da Gama. Em um momento em que torcedor vascaíno se via triste e sem esperança alguma de futuro por conta de ver o seu clube na segunda divisão do futebol brasileiro, o Palmeiras foi um sofro de alegria quando era o único clube capaz de parar o seu maior rival nos últimos anos no ringue do protagonismo do futebol brasileiro.

 

Não é uma relação só de organizada

Por fim, é bom que fique bem claro que a história conta que a relação de amizade entre os dois clubes não é uma coisa só de torcida organizada embora muitos torcedores pensem assim. Ninguém está pedindo para que palmeirenses torçam pro Vasco e vice-versa e é óbvio que quando a bola rola cada um vai torcer pela sua camisa dentro de campo, porém, o respeito e a amizade fora dos gramados sempre deve prevalecer e só fala mal dessa união quem nunca viveu uma tarde de Vasco x Palmeiras no Maracanã, em São Januário ou no Allianz Parque…

 

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